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Bullying - Há culpados e sei quais são

Ouvindo vários programas sobre Bullying e igualmente as reportagens “e se fosse contigo” também tendo conhecimento do que se passa nas escolas “in loco”, pois fui durante vários anos técnica de acção social escolar (que infelizmente já não existem) numa escola de 2º e 3º ciclos, numa aldeia com um universo de 300 e tal alunos, vou dar a minha opinião, doa a quem doer, pois não tenho “papas na língua". Como já referi há uns anos os técnicos de acção social escolar, passaram a assistentes administrativos.
 
Foto: Fatos Desconhecidos
E isto não foi para poupar dinheiro ao erário público, pois as remunerações eram iguais. Ora vejamos quais as diferenças. O técnico de acção social escolar, os que queriam cumprir as funções correctas, conhecia os alunos e respectivas famílias desde o 5º ano de escolaridade. Com os dados confidenciais que detinham, identificavam os alunos, desde o início do ano lectivo começavam a conhecer os alunos e respectivas famílias, as carências económicas, enfim todos os seus problemas. Acompanhavam -nos desde o 5º ao 9º ano.

No intervalo maior em que os alunos tomavam a refeição da manhã, deslocava-me ao bar, colocava-os em fila indiana, para que os mais velhos não tivessem a veleidade de empurrarem os mais pequenos, para serem atendidos com mais rapidez. Quando acontecia um mais espertalhão empurrar um mais pequenote, para lhe ocupar o lugar, mandava-o imediatamente passar para o fim da fila. Ninguém replicava. Havia respeito.

Quantas vezes, durante os intervalos normais, dava uma volta pela escola, para evitar conflitos. Felizmente fui bem sucedida. Na hora do almoço, no refeitório, havia o mesmo procedimento “filas indianas”: e aí o mesmo se passava “quem tentasse ocupar o lugar do colega, passava para o fim da fila.

Desde a entrada no refeitório todos tinham que lavar as mãos e sentarem-se ordeiramente. Muitas vezes alguns prevaricavam. Aí mandava-os ao meu gabinete depois de terem tomado a refeição. Não calculam quantos, junto de mim tiveram de fazer cópias ou ditados. 
 
Era simplesmente esse o castigo e servia-lhes de emenda.

Os técnicos tinham um gabinete próprio para atenderem os encarregados de educação, ouvindo os seus problemas, muitas vezes graves e tentava ajudar.

Numa sala ao lado do gabinete recebia roupas, calçada e outras coisas como brinquedos. Eram dádivas dos que não precisavam e tinham vontade de ajudar. Eram muitas as famílias que aí se deslocavam para levar o que necessitavam. Isto ajudava muito as famílias e eram muitas vezes os jovens que levavam a roupa que compreendiam e muitos queriam ajudar os outros. Bastava umas palavras de sensibilização e o significado da solidariedade. E já há alguns anos eu dizia “e se fosse contigo”. Quando ouvi o nome do programa ri-me e pensei “ideia genial” só peca por tardia.

No que diz respeito ao Bullying existem culpados sim: 
 
1º lugar os pais que não estão devidamente atentos (falo como mãe de 5 filhos e avó de 8 netos), ou seja, devido á falta de tempo muitas vezes nem conhecem bem os filhos.
 
2º os professores (cuidado não generalizo pois não há regra sem excepção) a maioria está-se nas tintas, só pensam em vender as aulas, dar testes, não efectuam a avaliação contínua e conhecem mal os alunos.
 
Em 3º lugar, e isto talvez porque fui dirigente sindical, os auxiliares, que muitas vezes não estão nos locais indicados. Alguns não têm sensibilidade e educação, para tratarem com crianças e jovens, gritando, assustando os alunos, pelo menos os mais pequenos, em vez de efectuarem as suas funções, com integridade, atenção, respeito e muitas vezes humanidade. Esquecem-se que eles vão crescer, vão ser homens e mulheres e mais tarde acontece como uma vez ouvi e um homem que tinha frequentado a escola, trazia o filho e quando lhe disse para ir a um determinado sítio, para trazer algo respondeu-me: aí não vou pois não posso ver essa mulher. Era terrível.
 
Assim agora esteja melhor. Claro que não estava… sabia-o eu. Em 4º lugar vem a sociedade em geral, que não age, está-se nas tintas, só olha para o seu umbigo. Assim não aconteça um dia o mesmo com um familiar. Portugal é um país de “doutores”. Isto dizia um conterrâneo meu, proprietário de um café. Dizia mais “a grande maioria não tem canudo”. Doutores para darem sentenças nos cafés e outros locais públicos, onde se juntam; agir muito poucos.

Por favor acordem, ajudem, denunciem, interfiram e vão ver que se vão sentir mais leves e não vão passar por esta vida como “árvores que não dão sombra”. No fim o que fica de cada um de nós é a nossa história. Nunca se calem, insurjam-se. Para isso lutei pela liberdade e democracia e não me quero arrepender.

Este artigo de opinião é polémico: lá que é é.

Escrito por Maria Cruz
Bullying - Há culpados e sei quais são Bullying - Há culpados e sei quais são Reviewed by Emotiva Memória on 20:25:00 Rating: 5
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