Um poema que está a gerar polémica

Estando eu um dia á janela

Uma fada eu vi passar

Custou-me a olhar p’ra ela

Pequenina, pequenina, como o meu dedo anelar

Desci á pressa e chamei-a

O que andas a fazer?

Respondeu: andei quilómetros

Sem ninguém me conhecer

Tinha de ser uma menina

Da janela, p’ra me ver

Ainda não me respondeste?

Disse eu de imediato

Pois senta-te aqui á esquina

Conversemos de recato

Eu pu-la na minha mão

Onde ela se sentou

E ninguém nos viu, pois não

Então ela começou

 

Foto. Virgula

Lá longe aonde eu estava

Disseram-me que cá na terra

Haviam meninos tristes

Porque o homem tanto erra

Que não olha p’ra ninguém

Uns sem casa p’ra viver

Nem comida p’ra comer

Sequer roupa p’ra vestir

Enquanto outros tinham tanto

Nem sabiam que fazer

Quem manda no mundo louco

Não vê os que têm pouco

Vivem só com ambição

Olham só p’ró seu umbigo

Um dia hão-de ter castigo.

Certo que outros virão

Serão piores ou melhores?

Isso não te sei dizer

Tento passar a mensagem

A quem solidário for

Que tenha muita coragem

P’ra esta grande viagem

E p’ra fazer a viragem

Para o mundo ser melhor

Só te peço que comeces

A Olhar para o teu lado

Para ver se reconheces

Alguém que de ti precise

Nem que seja um sorriso

Ou palavra de conforto

Perguntas-me: é só isso?

Poderá ser muito mais

Se queres a resposta certa

Pergunta ao teu coração

Ele pôr-te-á de alerta

Vê onde está a razão.

E agora vou-me embora

P’ra ver uma janela aberta

Meninas que estão alerta

Vejam a fada que passa

E fala a pequenas lindas
 

Que a ouvem com atenção

As palavras já estão findas

E tu és rosa em botão

Nunca esqueças o que ouviste

E se olhares p’ra alguém triste

Estende-lhe a tua mão

Escrito por Maria Cruz