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O sol quando nasce é para todos, se a ASAE deixar

Foto: Setubaltv.com
O SOL QUANDO NASCE É PARA TODOS

Diz o ditado popular…seria assim, se não fosse a ASAE

Ontem á noite, depois de ter escrito a minha crónica “Directamente do produtor para o consumidor”, li num jornal que era ontem o dia “Internacional da erradicação da pobreza”.

Quase ao mesmo tempo, recebi um comentário de uma leitora a este meu artigo (Directamente do produtor para o consumidor) que dizia mais ou menos isto: concorda plenamente, mas havia um problema: a ASAE. Nem me tinha lembrado desta Dona Asae.

Quer dizer, é preferível apodrecerem os frutos, legumes e outros géneros alimentares (alguns no chão e passado uns tempos, basta dias, se não os retirarem, a cheirarem mal), do que os pobres e famintos os comerem.

E agora vêm-me com o dia internacional da erradicação da pobreza?

Quanto ao fedor a podre, o que me dirá o ministro do ambiente? Quanto á proibição de venda a preço módico directa ao consumidor, o que me dirão os ministros da agricultura, da administração interna, da educação, da economia e da solidariedade social?

Dirão: que se lixe a pobreza, que se lixe as crianças, que se lixem os idosos, enfim que se lixe grande parte da população que, por vezes passam dias sem comer, que se lixe esta grande percentagem do povo do nosso país, que só serve é para “chatear”.

Agora que estou fula, zangada, enraivecida, desgostosa, irada, desmoralizada e mais outros adjectivos terminados em “Ada”, digo: que se lixe a ASAE, que se lixe quem a controla, que se lixem os legisladores deste pais, que se lixem os governantes e outros tais que normalmente dizem e escrevem “conforme legislação em vigor”, que só pensam nos impostos que com estes produtos iriam arrecadar.

Apelo: façam abaixo assinados, reivindiquem, manifestem-se e escrevam à Assembleia da República a pedir as sobras, não os restos, dos alimentos que lhes são fornecidos. Não falem em marisco, porque seria uma vergonha.

Esta é deveras uma crónica de contestação.

Não faz mal, fui, sou e serei sempre uma contestatária. Já o sou há aproximadamente cinquenta anos, muito antes do 25 de Abril: perseguida pela PIDE, dando guarida, durante meses a camaradas na clandestinidade, que ficavam e comiam em minha casa, participando e realizando reuniões também clandestinas, também em minha casa (alguns deles bastantes conhecidos e até já fizeram parte de governos de diversos partidos).

Agora que conquistámos a liberdade e democracia (será?) posso dar azo á minha indignação, revolta, através da escrita e não só.
 
Não há dúvida que o sol quando nasce é para todos.

Mas tenham muito cuidado, a fome quando aparece também pode ser para todos. E pode aparecer de um momento para o outro.

Certamente perguntarão porque chamei Dona Asae! Isto tem uma história gira. Quando foi criada a Asae, os comerciantes andavam um pouco amedrontados. Um dia uma senhora idosa entra numa pequena mercearia, ofegante, pois tinha vindo a correr, a anunciar á proprietária da loja que “andava por aí a Dona Asae”. Convinha a senhora fechar a porta.

Já agora que falo em contestação, faço uma pergunta que nada tem a ver com esta minha crónica (ou terá?). Onde anda o grande, competente, imparcial jornalista, que muito admiro e cujas entrevistas não perdia: MÁRIO CRESPO? Perceberam esta minha pergunta, não? A minha grande homenagem este Grande Senhor. Bem-haja por tudo o que fez.

Escrito por Maria Cruz
O sol quando nasce é para todos, se a ASAE deixar O sol quando nasce é para todos, se a ASAE deixar Reviewed by Emotiva Memória on 07:40:00 Rating: 5
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