loading...

Isto é jornalismo de qualidade? Acho que não!

O caso passou-se anteontem: uma criança de 2 anos caiu de um 6º andar de um prédio e faleceu.
 
Durante dois dias, cada vez que abria a televisão a informação era a mesma. Com as respectivas entrevistas a vizinhos, que não conheciam a família, não tinham presenciado o acidente, mas lá iam dizendo umas coisas, essencialmente que a mãe era ucraniana. Como se isso fizesse alguma diferença. A dor é igual para todas as nacionalidades: uma mãe perdera um filho!

Sabem, por acaso o que aquela família está a sofrer? Se não sabem eu sei. Não perdi felizmente, por verdadeiro milagre. Mas durante os 4 dias do coma da minha filha, o meu coração sangrou.

Ainda bem que aquela família não vê televisão, por motivos óbvios. Efectivamente há liberdade de expressão, mas por favor informem, não angustiem as pessoas. Ansiosas já elas andam, devido à situação em que muitas se encontram.

Sentada numa mesa de um café, nas mesas ao lado ouvi todos os comentários possíveis e imaginários: “ a avó não tomou bem conta da criança”, “onde andava a mãe?” e outra “ a mãe até era “craniana”.
 
No meio de tudo isto vi a reportagem “linha da frente”, relacionada com o caso do bairro perto de Camarate, com toda a falta de dignidade possível, em questões de habitabilidade, falta de comida (parte das crianças jantam chá e vão para a escola e creches sem tomarem o pequeno almoço); quatro crianças a dormirem na mesma cama, para se defenderem do frio e muito mais. Completamente inadmissível, num pais tão pequeno como o nosso.

Para que servem as juntas de freguesia, as câmaras, já não falando do governo?
Foto: Noticias ao Minuto
Durante as campanhas eleitorais, tudo é prometido. “Poisam” nos lugares e esquecem tudo. É vergonhoso!

Vejo, com muito agrado o programa “6ª às 9”. Dá a conhecer muitos casos, que muitas vezes, depois de transmitidos, são resolvidos. Precisamos de mais jornalismo de investigação.

O bombardeamento constante de notícias que nos deprimem, utilizando a dor e profundo desgosto de seres humanos, que ficarão marcados para sempre, e que são expostos constantemente em todos os noticiários a toda a hora, durante dois longos dias, isso não meus senhores e minhas senhoras. Pensem: “E se fosse comigo”? Será que eu aprovava?

Repito: façam jornalismo de investigação, mostrem ao país como vive uma boa percentagem da população. Pelo menos tentem envergonhar quem nos governa.

Outra boa rubrica “eu é que sou o presidente da junta”. Bons trabalhos e boas sugestões para outros, que não fazem nenhum. Façam qualquer coisinha que possa mudar a mentalidade deste povo.

Felizmente ainda temos bons jornalistas e dou os parabéns a alguns que me lembro: Sandra Felgueiras, Ana leal, Vítor Gonçalves (com as suas excelentes entrevistas), Fátima Campos Ferreira, Judite de Sousa. Um bem-haja para eles. Continuem no caminha que, de facto é o certo.

E como alguém dizia “tenho dito”.

Escrito por Maria Cruz
Isto é jornalismo de qualidade? Acho que não! Isto é jornalismo de qualidade? Acho que não! Reviewed by Emotiva Memória on 18:28:00 Rating: 5
Com tecnologia do Blogger.